Sunday, September 20, 2009

Afinal e vendo bem...

nós, os vindos de Afrika, somos uns privilegiados.
Vivemos no melhor de todos os Países na nossa infância, juventude e algo da idade adulta, com uma qualidade de vida absolutamente invejável e convivência com outras raças que nos abriram todos os horizontes
Actualmente vivemos a vida que todos os portugueses viveram, mas...segundo dizem e podemos comprovar por leituras várias, nem sempre fiáveis, actualmente com uma qualidade muito superior aos tempos antigos.
Na nossa actual filosofia, adquirida com a perda de tudo o que era nosso, qualquer mudança nunca será tão radical como a que já experimentámos, pelo que....
aconteça o que acontecer salvo uma catástrofe natural,
nós somos de FERRO
As nossas memórias servirão de passatempo se nada mais houver!

Friday, August 7, 2009

os imóveis vivem...

a casa em que vivemos em Dona Ana, na Zambezia, durante uns 6 anos talvez. Fervilhava de vida...agora é patente o seu estado de abandono, solidão e degradação.


estação de Dona Ana onde o trafego de pessoas e mercadorias era intenso da Beira para Nyassaland e o aspecto não era, de todo, este! lembro-me de que num dos gabinetes havia um pankar, o calor era abrasador na era pré - ar condicionado... e tinha flores e cactos enormes á volta

esta ponte, sobre o rio Zambeze, construida em 1920, a maior ponte do mundo na altura, cujo engenheiro ingles responsavel pela sua construção habitava a casa que mostrei em primeiro lugar, é lindissima!! toda em ferro, pintada de vermelho, era principalmente para transito ferroviario ligando 2 paises, e tinha tambem uma passadeira para peões e bicicletas.
Antes da sua construção a travessia do rio Zambeze fazia-se entre Sena e D. Ana, com a utilização de velhos barcos de rodas que prestavam serviço naquele rio.
A «Trans-Zambezia Railway Company Limited» ficou com o direito de utilização da linha de caminho-de-ferro da Beira desde o Dondo até ao terminal da Beira.
Por danos irreversíveis na epoca da guerra da independencia na década 60/70do sec.XX, ficou inoperacional.
A 1 de Agosto de 2009, sec.XXI, foi inaugurada a ponte sobre o rio Zambeze Alberto Guebuza, em substituição da velha e belissima ponte que ligava Sena a Dona Ana!
aquelas terras e as gentes que as habitam foram condenadas para todo este século...


habitualmente muito mais que os seres humanos que os habitam e utilizam.


mas...somos uma excepção














Tuesday, June 23, 2009

O sonho de...



uma noite de Verão



O sonho de uma noite de Verão

A Midsummer Night's Dream (Sonho de uma noite de verão, em português) é uma comédia da autoria de William Shakespeare, escrita em meados da década de 1590.Não se sabe ao certo quando é que a peça foi escrita e apresentada ao público pela primeira vez, mas crê-se que terá sido entre 1594 e 1596. Alguns autores defendem que a peça possa ter sido escrita para o casamento de Sir Thomas Berkeley e Elizabeth Carey, em Fevereiro de 1596.Não existe uma fonte direta que tenha servido de inspiração para a peça, ainda que se possam encontrar elementos relacionados com a mitologia greco-romana e respectiva literatura clássica. Por exemplo, a história de Píramo e Tisbe é contada por Ovídio, nas suas Metamorfoses, assim como a transformação de Bottom em burro se pode relacionar com O asno de ouro de Apuleio. Pensa-se que Shakespeare tenha escrito o "Sonho de uma noite de verão" sensivelmente ao mesmo tempo que o Romeu e Julieta e, de facto, existem muitos pontos de contacto entre as histórias: Egeu quer casar Hérmia à força com Demétrio, assim como Píramo e Tisbe acabam mortos por questões de amor, ainda que numa perspectiva cómica.
Trabalho elaborado por Joana Costa e Silva 5.º C

Wednesday, April 22, 2009

o que é preciso...

CRÓNICA retirada da net do Blog Gente da minha Terra- sobre Moçamedes-Namibe- Angola

Cada homem já foi menino.
Já teve um cavalo de fogo, galopando pelos céus, até paragens sem nome.
Um cavalo de sol, sem arreios, sem crinas, galopando, hoje, para o sul, amanhã para o norte, numa ânsia louca de aventuras, numa busca esperançosa de algo.
De quê?
E com o decorrer dos anos, em cada galopada, qualquer coisa ficava pelo caminho.
corcel das nuvens, viajando sem destino, era os sonhos, o terrífico sabor da procura do desconhecido.
Mas o menino foi crescendo.

E o cavalo de fogo, passou a ser um simples cavalo de pau, de olhos desbotados de cartão e crinas desfiadas…Era o fim da sua história.
O ‘nunca mais’ de cada infância.
Porque cada menino que cresce, chama-se homem.
E embora todos os homens tivessem sido meninos, tivessem galopado em cavalinhos de pau, esquecem-se de tudo isso.
Perdem todas as recordações.
Delas nada fica: nem um cheiro, um ruído, uma cor, um sonho. Separam-se como folhas secas soltas ao vento.
Seguem, errantes e indiferentes, sem olhos para ver o sol ou a lua, sem mãos para se estenderem a quem passa, imersos numa névoa que os separa.
Porém para lá da bruma, que ficará? Crinas desfraldadas em galopadas sem direcção? Corridas por valados e banhos em ribeiras escondidas? Que importa, afinal, sabê-lo?
Porque na hora de o sabermos, já os homens têm as mãos feridas pelos espinhos, já seguiram separados, levando na alma cicatrizes que lhes ficaram pelos caminhos andados.
É pena que o menino cresça.

E como um vento furioso, a vida sacuda as raízes da sua alma, da alma onde outrora morava um cavalo de fogo.
Um cavalo magoado que foi morrendo, como um lírio de paixão, negro como um céu sem estrelas.
O cavalo de todos os meninos, o cavalo das ilusões.
Vera Lúcia (Moçamedense)

É preciso ter o calor infernal do deserto de Moçamedes, agora Namibe, a correr nos vasos do nosso corpo, oferecendo-nos a única flor do mundo que se chama Welwitchia Mirabilis, é preciso ver aquele oceano que parece Indico a banhar-nos, é preciso ter passeado na época do cavalo de fogo e anos mais tarde num cavalo de ilusões, é preciso saborear um cacho de uvas que parece continental e que se nos oferece em duas colheitas por ano...é preciso ter uma Avó que viveu e casou em Moçamedes, é preciso ter passado uma parte da lua de mel em Moçamedes, para ter tambem saudades dessa terra e do cavalo de várias cores que anos mais tarde buscámos em Moçambique
É preciso ter idade.
É preciso ter memória.
É preciso ter SAUDADE.

Monday, March 23, 2009

aquela praia....


Há muito que deixei aquela praia
De grandes areais e grandes vagas
Mas sou eu ainda quem na brisa respira
E é por mim que espera cintilando a maré vaza.


Sofia de Mello Breyner

Tuesday, February 17, 2009

Monday, February 2, 2009

Macuti...



Navio naufragado
Vinha de um mundo
Sonoro, nítido e denso.
E agora o mar o guarda no seu fundo
Silencioso e suspenso.
É um esqueleto branco o capitão,
Branco como as areias,
Tem duas conchas na mão
Tem algas em vez de veias
E uma medusa em vez de coração.
Em seu redor as grutas de mil cores
Tomam formas incertas quase ausentes
E a cor das águas toma a cor das flores
E os animais são mudos, transparentes.
E os corpos espalhados nas areias
Tremem à passagem das sereias,
As sereias leves dos cabelos roxos
Que têm olhos vagos e ausentes
E verdes como os olhos de videntes.



Sophia de Mello Breyner Andresen