Quando a TV começa a passar as imagens daquelas palhotas destruidas e inundadas, sabendo eu que estamos na época das chuvas e ela cai torrencial sobre a minha terra, no calor tremendo da Zambezia, eu entro ecran dentro e sinto o que sentia nas minhas férias no Charre.
Sinto que estou no meu lugar donde nunca saí e choro de tristeza por tanto sofrimento dos meus amigos de Afrika que tudo o que pedem á vida é alegria de viver, uma camisa branca, umas calças verdes e um belo lenço encarnado, óculos escuros e sapatilhas. Pouco mais, apenas o suficiente para que os dias passem , os batuques não acabem e a nipa os façam rir ás gargalhadas.
Mas de súbito me apercebo que a civilização que absorvi, desde que vim para a Europa, já me não permite viver no Jardim do Eden, trinquei a maçã e conheci outros interesses, outras exigências que me colocam no centro do mundo antigo e moderno, de que eu tambem necessito para sentir realizado o meu percurso terreno.
Uma felicidade diferente mas tambem real.
Coabitam em mim no presente, a felicidade plena de ingenuidade de outrora que se revela como uma saudade muitas vezes dolorosamente insuportável e a felicidade conquistada, arrancada, fabricada, construida, sofrida destes meus dias que me deixam em paz na guerra do meu trabalho diário.
Para o meu futuro estou a construir novas recordações que ainda não sei quais serão...e nesta ignorância está o seu valor.