Tuesday, April 24, 2007

A troca...

Não, não coloquei o cravo vermelho no meu blog, nesta data.
Esta estrelicia, linda ave do paraiso, vem contar a troca que nos idos de 70 fui obrigada a fazer.
Troquei a minha vida e o continente Afrikano, pela Europa
Neste país que eu habito, ainda não no mesmo tempo que habitei a minha terra, as pessoas alegram-se com a DATA e nunca ouvi dizer que lamentam o sofrimento dos que foram obrigados a abdicar das suas próprias vidas.
Seria menos triste saber que alguem compreende a saudade que sofremos todos os dias e que para nós não existem referências de infância, adolescência ou idade adulto. Essas referências vivem no nosso imaginário e é lá que as procuramos quando desejamos lembrar a felicidade que vivemos um dia, lá longe...
Uma vida construida sem raizes é como uma árvore a vogar num rio, a corrente a leva e ela a nada se pode firmar. Poucos entendem porque a sensação só é sentida por quem a viveu.
Eu não lhe chamaria cicatrizes, porque estas são feias, talvez memorandos de uma vida passada...
Aos 31 anos recomecei uma vida social, sentimental, profissional e até climática, dos 40º C de Afrika para os graus negativos das neves da Beira Alta.
Venci tudo, até doenças bem sui generis que se lembraram de me provar e entretanto desapareceram...
Não posso comemorar a DATA, ainda, sem saber como estaria se a minha vida decorresse na minha terra

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