Wednesday, September 19, 2007

O mistério a desvendar-se...


Quando se fala de Paredes de Coura, é obrigatório lembrar Aquilino Ribeiro (1885-1965). O escritor beirão está intimamente ligado à vida cultural da vila minhota graças ao seu romance "A Casa Grande de Romarigães" (1957). A casa retratada no livro foi morada do ex-Presidente Bernardino Machado e do próprio Aquilino, que se casou com uma filha daquele presidente.
A Casa Grande ainda existe actualmente, em Romarigães, no sudoeste de Paredes de Coura. Embora se encontre em avançado estado de degradação, as sebes altas e o edifício coberto por farto musgo, que permite apenas às janelas o contacto com o ar, provoca uma aura de mistério e sedução.
Por detrás dos portões de ferro da entrada, que resistem incólumes ao tempo, vislumbra-se a capela do Amparo, no quintal da Casa. Por fim, há ainda a oportunidade de fixar o olhar numa belíssima gravura esculpida no muro exterior do edifício.
Aquilino Ribeiro notabilizou-se na literatura lusa pelo estilo pícaro, pela apurada descrição de sensações e pelo vasto léxico utilizado. Da sua bibliografia - obras de ficção, de história, contos infantis, ensaios e traduções - destaque ainda para "Quando os Lobos Uivam" (1959) e "Terras do Demo" (1919).
Nuno Passos, (Público 2003)


Conjunto formado pela casa, anexos de função rural e capela do Amparo. Casa nobre, oitocentista, antecedida por um grande portal armoreado. A capela do Amparo apresenta a fachada decorada com nichos, imagens, carrancas, volutas, frontões e um óculo, tudo lavrado em pedra da região. A fachada é rematada por um campanário.
(in "Património Arquitectónico e Arqueológico Classificado" - IPPAR, 1993)

A Casa Grande de Romarigães....


...em Portugal a minha vocação sempre foi o norte do País, indago-me do meu destino caso tivesse ficado a estudar no Porto, ao invés de ter ido ouvir cantar fados a Coimbra, porque nessa época pouco mais fiz na Faculdade Coninbricensis... e digo isto quando hoje assisti á leitura do seguinte trecho retirado da ilustre Casa Grande de Romarigães de Aquilino Ribeiro o nosso 10 º Panteonista, desde hoje : " aquelas águas delgadas e gélidas do ribeiro mais frio de Portugal", no cenário do Minho, entre verdes e águas, ora paradas ora borbulhantes, eu gostaria de ter vivido o Minho no final dos sec. XVIII ou inicio do sec. XX...na minha infância, em Afrika, havia o hábito de se ler imenso, por vezes noite fora até quasi manhã, desde os filósofos Kirkegaard, Kant, discutindo vivamente todas as correntes filosóficas, lembro-me que me convenci de que era panteista e defendia a minha postura de ver Deus em tudo, eu que era judaico-cristã!! a biblioteca dos meus Pais na qual eu estava proibida de mexer porque estava cheia de livros que "não eram próprios para a minha idade", exercia em mim uma tal atracção que inúmeras vezes recusei passeios e idas ao cinema, com o pretexto de ter de estudar, para, mal a porta da rua se fechasse, eu mergulhasse naquelas benditas estantes para ler Zola, Eça, Stefen Zweig e tantos outros que fizeram a minha formação literária e me incutiram o gosto pela leitura que tem sido ao longo dos anos um dos meus principais hobbies! só fui apanhada uma vez e houve drama, com um livro do Eça " A reliquia" que "apareceu " na minha cabeceira sem eu ter tido qualquer interferência...sim, ninguem acreditou e o castigo foi todo meu! e tudo isto para dizer que houve um livro que sempre desejei ler e nunca tal facto se cumpriu, é a "Casa Grande de Romarigães" de Aquilino Ribeiro, cujo titulo e o local onde ela se insere desperta em mim, desde então, sabor a um romantismo exacerbado daquele que já se não usa e nunca se deveria ter usado porque conduz á perdição. Amanhã irei finalmente á biblioteca Gulbenkian requisitá-lo porque não o encontrei nesta cidade. Espero que não me desiluda após tão longa espera, 50 anos de curiosidade pura porque nunca dei um passo para a satisfazer, só agora o farei. Para terminar e céptica como eu sou no que se refere a romances, porque nunca atingem a estratosfera por onde eu ando e sempre andei e se quedam pelas nuvens baixinhas, os cúmulos que derramam milhões de lágrimas e cedo se esvanecem... O titulo é tão bonito que me vou arriscar a ler esta minha fantasia de anos e anos á beira da destruição.

Thursday, September 13, 2007

Quadras da minha solidão...





Fica longe o sol que vi,

aquecer meu corpo outrora...

Como é breve o sol daqui!

E como é longa esta hora...


Donde estou vejo partir

quem parte certo e feliz.

Só eu fico. E sonho ir,

rumo ao sol do meu país...


Por isso as asas dormentes,

suspiram por outro céu.

Mas ai delas! tão doentes,

não podem voar mais eu...


que comigo, preso a mim,

tudo quanto sei de cor...

Chamem-lhe nomes sem fim,

por todos responde a dor.


Mas dor de quê? dor de quem,

se nada tenho a sofrer?...

Saudade?...Amor?...Sei lá bem!

É qualquer coisa a morrer...


E assim, no pulso dos dias,

sinto chegar outro Outono...

passam as horas esguias,
levando o meu abandono...
Alda Lara

Monday, September 3, 2007

O Farol da minha Vida...

as janelas do meu quarto, da infância á adolescência e posteriormente já casada, eram banhadas pela luz deste farol 3 passagens de claridade e 3 de sombras.
Não me esqueço daquela iluminação branca e leitosa da luz da grande lua dos trópicos, reflectida nas areias brancas da praia que á noite semelhava o dia e atravessada pelo clarão do meu Farol, ao som dos barulhos do quebrar das ondas do mar Indico...
Todos os meus sonhos de futuro foram construidos um a um, apagados e reconstruidos mil vezes, filtrados por lagrimas e sorrisos, cheios de esperança e de alegria.
Eram projectos grandiosos, felizes, plenos de realização e de amor...
No meio deles eu me fiz, com eles me construí, neles apostei a minha Vida.
Fiz um filho, plantei uma árvore e escrevi os meus livros para concursos de progressão da carreira académica, da profissão que escolhi, poucos anos depois de nascer!
os meus primeiros doentes foram todas as minhas bonecas, todos os meus bonecos e até alguns dos meus animaizinhos de estimação...
Como reza o Talmud, numa tradução livre " quem salva UMA Vida, salva a sua própria Vida", valeu a pena eu ter nascido pelas vidas que já salvei!
E tudo se cumpriu, o que eu desejei, não por igual, não por importância maior, mas por oportunidades cumpridas entre outras perdidas, tem sido muito bom nos intervalos do mau...
Mas a missão ainda não está completa, está em falta o mistério do futuro que começa neste preciso momento...