Wednesday, September 19, 2007

A Casa Grande de Romarigães....


...em Portugal a minha vocação sempre foi o norte do País, indago-me do meu destino caso tivesse ficado a estudar no Porto, ao invés de ter ido ouvir cantar fados a Coimbra, porque nessa época pouco mais fiz na Faculdade Coninbricensis... e digo isto quando hoje assisti á leitura do seguinte trecho retirado da ilustre Casa Grande de Romarigães de Aquilino Ribeiro o nosso 10 º Panteonista, desde hoje : " aquelas águas delgadas e gélidas do ribeiro mais frio de Portugal", no cenário do Minho, entre verdes e águas, ora paradas ora borbulhantes, eu gostaria de ter vivido o Minho no final dos sec. XVIII ou inicio do sec. XX...na minha infância, em Afrika, havia o hábito de se ler imenso, por vezes noite fora até quasi manhã, desde os filósofos Kirkegaard, Kant, discutindo vivamente todas as correntes filosóficas, lembro-me que me convenci de que era panteista e defendia a minha postura de ver Deus em tudo, eu que era judaico-cristã!! a biblioteca dos meus Pais na qual eu estava proibida de mexer porque estava cheia de livros que "não eram próprios para a minha idade", exercia em mim uma tal atracção que inúmeras vezes recusei passeios e idas ao cinema, com o pretexto de ter de estudar, para, mal a porta da rua se fechasse, eu mergulhasse naquelas benditas estantes para ler Zola, Eça, Stefen Zweig e tantos outros que fizeram a minha formação literária e me incutiram o gosto pela leitura que tem sido ao longo dos anos um dos meus principais hobbies! só fui apanhada uma vez e houve drama, com um livro do Eça " A reliquia" que "apareceu " na minha cabeceira sem eu ter tido qualquer interferência...sim, ninguem acreditou e o castigo foi todo meu! e tudo isto para dizer que houve um livro que sempre desejei ler e nunca tal facto se cumpriu, é a "Casa Grande de Romarigães" de Aquilino Ribeiro, cujo titulo e o local onde ela se insere desperta em mim, desde então, sabor a um romantismo exacerbado daquele que já se não usa e nunca se deveria ter usado porque conduz á perdição. Amanhã irei finalmente á biblioteca Gulbenkian requisitá-lo porque não o encontrei nesta cidade. Espero que não me desiluda após tão longa espera, 50 anos de curiosidade pura porque nunca dei um passo para a satisfazer, só agora o farei. Para terminar e céptica como eu sou no que se refere a romances, porque nunca atingem a estratosfera por onde eu ando e sempre andei e se quedam pelas nuvens baixinhas, os cúmulos que derramam milhões de lágrimas e cedo se esvanecem... O titulo é tão bonito que me vou arriscar a ler esta minha fantasia de anos e anos á beira da destruição.

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